terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Do Contexto Social


Nascemos. E passamos a viver num mundo instigado pela especulação. Os interesses são movidos pela ânsia do poder. Poder, pelo qual, tudo se justifica. O cinismo, o medo, a violência, e todo tipo de extravagância moral de uma ética doentia. Da revolta e desilusão, surgem movimentos filosóficos absurdos baseados em correntes existencialistas, nadaístas, e em comportamentos insensatos, agressivos e violentos, sejam em atos e/ou postura.

A esperança é tecnológica, e a tecnologia tem sido cartesiana. No conforto e na praticidade, promete qualidade de vida, pelo atendimento das necessidades da matéria. Necessidades muitas das quais foram criadas e multiplicadas. A tecnologia deslumbra, e mostra constantemente exemplos de superação humana. Porém, enquanto enfermidades de grave impacto são superadas com a cura, surgem novas doenças ainda mais pertubadoras.

A partir da dicotomia cartesiana, o progresso é dissonante para o corpo e para o espírito. A ciência se desenvolve extraordinariamente, porém sem o correspondente ético-espiritual necessário à plenitude. O que era pra ser saudável torna-se um risco, podendo conduzir a humanidade ao niilismo.

Os interesses de poder constroem o social. O social regra o indivíduo no momento em que dita os valores. Os valores são assimilados em grande parcela. Em pequena parcela, são rejeitados e adaptados em correntes e contracorrentes. Sobre tudo, e todos, o controle é invisível e eficaz. Singelo e bruto.

O homem é um ser sufocado pelo que criou. Sua vida se resume nas conquistas supérfluas de um competir incessante e vil. Ou, ao comodismo pelo alcance de um estado mínimo de sobrevivência. Algumas metas alcançadas, e se entrega ao marasmo de uma rotina neurotizante disfarçada de segurança. A frustração emocional se manifesta nos desequilíbrios e doenças psicossomáticas das mais diversas ordens, podendo também levá-lo ao crime, à sexolatria, dentre outras formas aparentes de tentativas de libertação.

A tecnologia em excesso, desregrada, prometia resolver problemas. Trouxe novos dramas e conflitos comportamentais, numa rotina degradante.

3 comentários:

Ângela Calou disse...

Oi, Rafael!

Gostei muito da perspectiva textual que o teu novo blog elegeu. "Do contexto social" é um texto verdadeiro sobre o preço que se paga pelo cientificismo, pela crença em ser o progresso o outro lado da moeda da razão. A demasiada "Fé na Ciência" dos nossos dias é, como você disse, uma contradição em termos que acena para a reprodução das potências míticas, dogmáticas que de modo algum estão adormecidas. Que ética pode haver num espaço em que às mesmas régua e balança são submetidas as coisas e também as pessoas?

Muito bom voltar a ler seus textos.
Abraços!

Rafael disse...

Pois é... esse início é uma tentativa breve de, primeiramente, situar aonde estamos inseridos. A partir daí, outros pontos serão abordados na intenção de explicar, entender, e compreender certos comportamentos nossos, reações, angústias e pesares sentidos. O porquê de serem sentidos da forma que estão sendo sentidos.

Espero conseguir uma boa discussão, reflexões interessantes, e comentários que recheiem mais perspectivas, a exemplo do teu.

Abraço e valeu pela contribuição.

Manuel Soares Bulcão Neto disse...

Ótimo texto!

Abraço,
Manuel Bulcão